terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Cinemas onde vi Filmes: Cinema Olympia

Cinema Olympia no início do Sec. XX. Joshua Benoliel. 
«O mais distinto cinema da Capital», na altura.

Cinema Olympia, anuncio de 1913.

Já que encontrei mais algum material sobre este velho cinema, decidi reformular um pouco o post e voltar a dar-lhe destaque. Encontrei uns recortes dos anos 60/70 e 80 e um texto sobre as sessões contínuas de «hard-core».
O cinema Olympia ou Olimpia, era uma sala de sessões continuas (dois filmes) e se bem lembro custava 2$50 escudos por volta de 68/69, vi lá dezenas de filmes, geralmente o segundo filme era o mais recente (nesta altura estavam na moda os Hércules, os Macistes e outros do género) e o primeiro filme ou era uma coboiada antiga ou um filme de piratas, por outras palavras era de acção, metia porrada. Lembro-me de ver vários filmes de Errol Flynn, John Wayne e outros que na altura eram os meus preferidos. Entrávamos e estava um filme a decorrer víamos o que faltava e quando nos agradava víamos ainda os dois filmes de seguida (havia um intervalo de 10m depois tocava a campaianha), era uma tarde em cheio. De vez em quando havia uns burburinhos na plateia, nada de especial, alguém se levantava e saía rápidamente antes de ouvir o grito «há p... a bordo». Servia para a tarde ser ainda mais animada.


Em 1972, ainda podia acontecer isto: Dois Clássicos em sessões contínuas.

 Uma estreia em 1964 no Olympia, coisa rara e uma "polémica" em 1970


No ano seguinte foram os dois assaltados.

Dinis Machado em frente ao Olympia em 1985.

 A reportagem do Se7e com Dinis Machado em 1985.

Cinema Olympia em 1966. Garcia Nunes.

Páginas sobre o Cinema Olympia da autoria de Manuel Félix Ribeiro em
OS MAIS ANTIGOS CINEMAS DE LISBOA, edição da Cinemateca, 1978.

Páginas sobre o Cinema Olympia da autoria de Manuel Félix Ribeiro em:
OS MAIS ANTIGOS CINEMAS DE LISBOA, edição da Cinemateca, 1978.

Páginas sobre o Cinema Olympia da autoria de Manuel Félix Ribeiro em:
OS MAIS ANTIGOS CINEMAS DE LISBOA, edição da Cinemateca, 1978.



A viragem de 1988

«Ainda há meia dúzia de anos, o Olímpia, no coração da Baixa lisboeta, facturava importâncias deveras satisfatórias para os seus proprietários. Com a fórmula americana no bolso, tinham varrido a concorrência e, por todo o lado, viam nas salas comerciais da praça sinais de falência.
De facto, funcionando a 25 por cento da sua capacidade, a concorrência, de certo, modo privilegiada no mercado, quer por benesses fiscais, quer pelos preconceitos das mentalidades, nem assim se salvava. Soava o clarim das reformas urgentes, da transformação dos grandes espaços de outrora em pequenas tocas para os que, afinal, gostavam mesmo de «ir ao cinema»...
No Olimpia, com sessões contínuas de «hard-core» (porno da pesada) esgotadas umas atrás das outras, os entusiastas pornófilos acotovelavam-se em longas bichas, para conseguirem entrada.
Eram magalas de folga, jovens em fim de adolescência e outros menos jovens encalhados na tal adolescência onde, ainda, quem sabe, todos os frutos continuam a ser proibidos. Havia até certos doutores à mistura, caras batidas na TV que, num impulso irresistível, venciam resistências e abancavam numa coxia, atrás de um vespertino (durante o intervalo). Pontualmente, nas últimas filas, com preferência do balcão, uma cara feminina, muito chegada ao parceiro que a levara àquele antro de tentadora perdição, espreitado em nome da curiosidade. E havia estrangeiros de férias, e maricas...

VAIVÉM

Uma afluência diária de cerca de 1500 pessoas preenchia, num vaivém, os 400 lugares do Olimpia, deixando nas bilheteiras uma facturação bruta anual de seis mil contos.
Agradecido, o então gerente da Sala, João Reis, que ainda hoje se conserva no seu posto (foi ele, um dia, o autor da ideia de transformar o Olímpia num «santuário de porno», para salvar a sala da falência inevitável), elogiava, assim, o espanhol Lorenzo Pérez, dono da maior distribuidora portuguesa de filmes «X», importados directamente da pátria do Tio Sam: «Se não fosse ele, íamos por água abaixo!»

MAUS VENTOS

Em 1988, as coisas mudam de feição. E de que maneira! No plano da programação, João Reis introduziu um cocktail de reprises, sabiamente combinadas com uma dúzia anual de estreias e confessa: «Mesmo com as reposições, as quebras nas receitas não são assim tão significativas, porque o preço dos bilhetes subiu e as condições de contrato com a distribuidora mudaram.»
Com 300 mil espectadores por ano, o Olímpia só recentemente voltou a esgotar lotações, exibindo o filme de Cicciolina, «Loucuras de Deputada». Ela contracenava com John Holmes, o «atleta dos 35 centímetros»...
Depois, o novo mergulho no marasmo de 200 espectadores por sessão, facturando anualmente dois mil contos.»



Jornal Se7e

Texto não assinado
18-05-1988




Cinema Olympia em 1960. Arnaldo Maureira.



O Cinema Olympia em 2012. Copiado do jornal Publico.

(Fotos do Arquivo Fotográfico da CML)

1 comentário:

  1. É UMA PENA, AQUELE CINEMA TER ACABADO DESTA FORMA, COM A PORCARIA DAS CHAPAS METALICAS QUE SÃO UM ATENTADO Á ESTÉTICA DA CIDADE, E O LÁ FERIA A ABSORVER TUDO O QUE DÁ VIDA Á CIDADE, PARA INSTALAR UM TEATRO COM PEÇAS RIDICULAS. DEIXAVAM ESTAR O CINEMA COMO ESTAVA COM SESSOES CONTINUAS OU MUDAVAM O GENERO DE FILMES! O CENTRO DA CIDADE DE LISBOA NÃO TEM UM UNICO CINEMA, NEM PORNO NEM COM FILMES COMERCIAIS DE HOLLYWOOD! ISTO É UNICO NA EUROPA.

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