sábado, 12 de novembro de 2011

Mário-Henrique Leiria e o Coiso


MÁRIO-HENRIQUE LEIRIA
Escritor 1923–1980



QUANDO TUDO ACONTECEU...


1923: A 2 de Janeiro Mário-Henrique Leiria nasce em Lisboa. - 1942: É expulso, em Lisboa, da Escola Superior de Belas Artes, talvez por motivos políticos. - 1949/51: Participa nas movimentações surrealistas portuguesas, entre as quais a obra colectiva Afixação Proibida. - 1952/57: Vários empregos: Marinha Mercante, caixeiro viajante, operário metalúrgico, servente de pedreiro, etc... Viaja pela Europa ocidental e central, também pelo norte de África. - 1958: Visita a Inglaterra. - 1959: Casa, em Lisboa, com uma rapariga alemã; dois anos depois o casal irá separar-se. - 1961: “Operação Papagaio” e MHL é detido pela PIDE. Parte para o Brasil. - 1970: Regressa a Portugal. - 1973: Publica Contos do Gin-Tonic. - 1974: Publica Novos Contos do Gin. Revolução do 25 de Abril, em Portugal. - 1975: MHL é o chefe de Redacção de O COISO, suplemento semanal do diário A REPÚBLICA. Publica Imagem Devolvida, Conto de Natal para Crianças e Casos de Direito Galáctico seguido de O Mundo Inquietante de Josela (fragmentos). - 1976: Adere ao PRP (Partido Revolucionário do Proletariado) - 1979: Publica Lisboa ao voo do pássaro. - 1980: A 9 de Janeiro morre em Cascais (degenerescência óssea).

1975 – Almoço dos colaboradores de “O Coiso”, algures no Bairro Alto. À esquerda, em 1º plano, o Carlos Barradas, seguido do Mário-Henrique, o Zé Tó, a Mizé, a Mila e eu (Artur Couto e Santos). À direita, o Rui Lemus, quatro tipos cujo nome me escapa, mas que trabalhavam no República e, lá ao fundo, de bigode, o Belo Marques. Foto e texto de www.coiso.net.



O Coiso
Suplemento semanal do diário A REPÚBLICA 
Mário-Henrique Leiria era chefe de redacção. 

Com Rui Lemus, Carlos Barradas, Couto e Santos e uns tantos outros, congeminas e a 7 de Março de 1975 és o chefe de redacção de O COISO, novo suplemento semanal do diário A REPÚBLICA. Provocação e humor negro a acelerar nas curvas, entrevistas apócrifas com Spínola, Kissinger, Hitler, Pinochet, Salazar, Marcelo Caetano, etc. e fotomontagens a ilustrá-las; por exemplo, Kissinger a dançar empunhando uma foice e um martelo; ou o Spínola convertido em musculoso “cabo de mar” na praia de Copacabana... Mas a irreverência incomoda muitos dos jornalistas teus colegas. Nem sequer os comunistas a aparam lá muito bem, porque estás sempre a gozar com tudo e com todos, até com os chapéus, os gorros, os bonés, os barretes e as carapuças do camarada Brejnev... Na Redacção, por entre gargalhadas, quem frontalmente te apoia é o Fernando Assis Pacheco, também o Álvaro Belo Marques e poucos mais.


Redação do jornal A República em 11 de Fevereiro de 1975. Foto do Arquivo Nacional da Holanda


A fome começa a rondar-te porque os direitos autorais dos teus Contos e Novos Contos do Gin chegam sempre tarde e a más horas ao teu bolso. Um dia preparas-te para publicar na primeira página de O COISO uma violenta caricatura não só à boina, mas também à cabeça do Raul Rego, o director d’A REPÚBLICA. Caricatura congelada pela direcção do jornal e eis a gota que faz transbordar a hostilidade entre o radicalismo m-l dos operários gráficos e o socialismo bem comportado da administração e da maioria dos redactores. Extremam-se posições. Na rua, frente ao jornal, enfrentam-se piquetes ora aplaudidos, ora vaiados pelo público que, de hora a hora, vai mudando conforme as mobilizações partidárias. A REPÚBLICA acaba por ser suspensa, fechada mesmo em 19 de Maio de 1975. Também O COISO, está-se a ver. Do suplemento lançaste 11 números. O último foi em 16 de Maio de 1975. 
(de Fernando Correia da Silva, Ler Tudo Aqui)


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