quinta-feira, 21 de julho de 2011

FP - “Não sei o que o amanhã trará”


Pertenço a um gênero de portugueses
Que depois de estar a Índia descoberta
Ficaram sem trabalho. 


FP na Rua Garret (?) em Lisboa



A morte é certa. 
Tenho pensado nisto muitas vezes.

FP em 1929 na adega de Abel Pereira da Fonseca. «Fernando Pessoa em flagrante 
delitro»: dedicatória na fotografia que ofereceu à namorada Ophélia Queiroz em 1929. 



Porque isto acaba mal e há-de haver 
(Olá!) sangue e um revólver lá pró fim

(Excerto de Opiário de Álvaro de Campos, Heterónimo de Fernando Pessoa, in "Poemas")



ÁLVARO DE CAMPOS

Álvaro de Campos nasceu em Tavira no dia 15 de Outubro de 1890 à 1.30 da tarde.
Teve “uma educação vulgar de liceu; depois foi mandado para a Escócia estudar engenharia, primeiro mecânica e depois naval. Numas férias fez a viagem ao Oriente de onde resultou o Opiário. Ensinou-lhe Latim um tio beirão que era padre.”
De tipo vagamente judeu português, com a pele entre branca e morena, cabelo liso e normalmente apartado ao lado, usa monóculo.

Na Carta a Adolfo Casais Monteiro, de 13 de Janeiro de 1935, que Fernando Pessoa compõe sobre a génese da heteronímia e que serve de fonte a este texto, diz que escreve em nome de Campos, “quando sinto um súbito impulso para escrever e não sei o quê”. Acrescenta o escritor que “de repente, e em derivação oposta à de Ricardo Reis, surgiu-me impetuosamente um novo indivíduo. Num jacto, e à máquina de escrever, sem interrupção nem emenda, surgiu a «Ode Triunfal» de Álvaro de Campos — a Ode com esse nome e o homem com o homem que tem”.

Mais adiante esclarece: “Quando foi da publicação do Orpheu, foi preciso, à última hora, arranjar qualquer coisa para completar o número de páginas. Sugeri então ao Sá-Carneiro que eu fizesse um poema «antigo» do Álvaro de Campos — um poema de como o Álvaro de Campos seria antes de ter conhecido Caeiro e ter caído sob a sua influência. E assim fiz o «Opiário», em que tentei dar todas as tendências latentes do Álvaro de Campos, conforme haviam de ser depois reveladas, mas sem haver ainda qualquer traço de contacto com o seu mestre Caeiro. Foi dos poemas, que tenho escrito, o que me deu mais que fazer, pelo duplo poder de despersonalização que tive que desenvolver. Mas, enfim, creio que não saiu mau, e que dá o Álvaro em botão…” (In, Casa Fernando Pessoa)



(Fotos encontradas na net)


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